02/08/2011

O ALENTEJANO E O FRIO.

Num dia frio de inverno, em pleno Alentejo, o Joaquim chega à loja do Manuel e diz:

- Bom dia, Maneli, ê cá quero uma desses sacos de borracha adonde a gente dêta água quente, que serve pá aqueceri a
camita e déxar as patolas quentinhas.

- Eh Jequim, tás mêmo com azari, home! Atão nã éi qu'ê cá vendi hoje mêmo de manhem o último à Ti' Chica?!.

- Porra, Maneli. Atão e o que vô ê cá a fazeri com este frio do diabo que faz à nôte?

- Tem calma Jequim. Nã tejas aflito. Ê cá vô-ti a emprestari o mê gato.

- O tê gato?

- Pois antão. Home o mê gato é gordito, e tu podes pô-lo nos tês péis na hora de deitari, e vais a veri como ele t' aqueci a nôte toda. Ós depôs
na terça-fêra que veim chegam os sacos da água quenti, vens a comprari um e dás-me o gato.

- Até que nã tá mal pensado, Maneli. Venha de lá o gato e obrigadinho.

Joaquim leva o gato e vai para casa.

No dia seguinte, volta com a cara toda arranhada pelo gato.

- Maneli, aqui tens o cabrão do gato! Olha como é que ele me deixou, o filho da puta!

- Mais atão como é que isso aconteceu? O bicho é tã mansinho...!

- Mansinho, uma porra! Ê cá enfii-lhe o funil no cú, e o gajo aguentou beim, mais quando comeci a detar-lhe a água quenti ele ficou
uma fera, virou-se a mim e arranhou-me todo, o cabrão!